A política e as redes sociais

É público que nas últimas autárquicas estive envolvido numa candidatura no meu concelho, a gerir a campanha online da mesma. Fi-lo por razões profissionais, mas também porque era a candidatura que apoiava, tendo dado muito mais à causa do que aquilo que financeiramente recebi.

Ingenuamente achei que as redes sociais iam ser um sucesso. A coisa não correu nada mal, mas a verdade é que a participação das pessoas ficou muito aquém das espectativas.

Numa lista com mais de 100 pessoas era de esperar que cada post no Facebook, onde “toda a gente” está, tivesse pelo menos 50 ou 75 partilhas. Nem os próprios interessados participam.

O meu amigo Pedro Aniceto partilhou esta experiência comigo, num concelho aqui ao lado, e várias vezes discutimos esta realidade e a incompreensão perante a atitude das pessoas com a política nas redes sociais.

O seu recente post no Facebook sobre esta temática levou-me a escrever este texto que já há um tempo andava aqui entalado.


A verdade é que as pessoas não gostam de ser confrontadas com as suas posições políticas e as redes sociais são uma janela aberta para o mundo.

Não se vai agora arriscar que aquele nosso “amigo” de Freixo de Espada à Cinta, que nunca vimos pessoalmente, nos questione ou não concorde com as nossas posições políticas.

Então e as pessoas que estão envolvidas na campanha offline, os familiares, os que vão abanar a bandeirinha aquando da visita do líder do partido ao concelho? Esses não participam nas redes sociais? Não. Nos eventos onde se vai abanar a bandeirinha são vistos por pouco mais que os seus pares, aqueles que consigo partilham a convicção política. No Facebook não…

O Facebook é para ser utilizado para as coisas “realmente importantes” como partilhar fotos de cães desaparecidos, revoltar-se contra a música que nos vai representar no Festival da Canção, falar das bolas do Ronaldo, jogar “Modafóquin Saga” ou fazer like na foto de decote generoso daquela nossa ex-colega boazona do secundário (enquanto se reza para que a mulher não note).

No online (como também no offline) o que fica bem é dizer: “são todos iguais”. Não nos comprometemos, não ferimos susceptibilidades e ainda damos uma de “rebelde” contra o sistema. Mais do que isso, como por exemplo participar ou apoiar uma candidatura com que mais nos identificamos, pode ser mal visto pelos “amigos” e não podemos deixar que isso aconteça.

Os políticos só “são todos iguais” porque nós os deixamos. Temos aquilo que merecemos.

Ninguém espera que se tornem políticos ou militantes. O que é exigível a todos é que se informem e informem os outros. Que tomem posição.

Passando para o offline: enquanto as pessoas acreditarem que a abstenção é uma forma de protesto, não vamos ter melhores políticos. Não tenham a mínima dúvida. Verdade como eu estar a escrever este post num local menos próprio.

Oh Pedro, quando é que vens cá beber um gin e comer umas Gambas à Brás?

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