Não vou aqui discutir se as ex-SCUT devem ou não ser pagas. Isso é outra discussão.
A questão que me faz comichão no céu da boca é o método de pagamento.
O meu círculo de amigos saberá que é verdade o seguinte: desde SEMPRE disse que isto ia dar merda. Mas será que NINGUÉM, aquando da implementação do sistema de pagamentos com os identificadores, pensou nisto? São todos assim tão burros ou estavam tão obcecados com despedir centenas de portageiros que enfiaram os dedos nos ouvidos, fecharam os olhos e se puseram a gritar “lá lá lá lá”??
Para quem ainda não percebeu, eu explico:
Não faz qualquer sentido OBRIGAR as pessoas a comprar um identificador. Bastaria pensar nos estrangeiros, ou naqueles que normalmente não passam em nenhuma auto-estrada.
Ora como não houve nenhum iluminado a pensar nisto, foi o que se viu na Páscoa. Os espanhóis a desesperar para entrar no país. Numa altura de crise económica temos de FACILITAR a sua entrada, não pô-los em filas a comprar rifas, digo eu que sou burro.
Para os que optassem por comprar o identificador, são 20 e muitos euros + um carregamento obrigatório de 10 euros que é válido por poucos meses. Um gajo para vir almoçar a Portugal larga 30 e tal euros numa estação dos CTT. Ninguém percebe como isto é ridículo?!
“Ah e tal, tecnologia!” Não pá! É só parolice. Queremos ser tão modernos e depois o resultado final é uma coisa digna de 3º mundo.
Há espanhóis que vinham à praia e almoçar fora a Portugal. CENTENAS ou milhares deles todos os fins de semana. Onde andam eles agora? Pois…
Mas o tuga tem sempre solução para tudo!
Ora como a merda bateu na ventoínha (não se estava nada à espera), algum outro grupo de iluminados (ou os mesmos) lembraram-se de uma maquineta onde o senhor estrangeiro insere o seu cartão de crédito, o associa à matrícula, carrega em 1001 botões e depois lá pode seguir viagem sem ter percebido muito bem o que lhe aconteceu.
Eu explico o que aconteceu. O que aconteceu é que fica o país com uma imagem terrível, porque temos a arte e fazemos questão em complicar, e o estrangeiro ainda ficou a pensar que o que acabou de fazer foi dar uma autorização de pagamento ao governo Portguês e aos seus amigos das concessionárias para irem ao seu cartão de crédito sempre que queiram e lhes apeteça. Foi isto que aconteceu! Got it?
Portanto, como sempre, Portugal no seu melhor: inventam-se umas merdas para podemos dizer que somos os melhores do mundo e ignoram-se completamente as consequências. Depois gastam-se mais uns milhões a inventar umas merdas ainda mais ridículas para resolver os buracos que se deixaram abertos pelo caminho.
É assim como decidir fazer um novo aeroporto e ao mesmo tempo estar a planear uma linha de metro para servir o aeroporto que se pensa fechar. (Mais uma vez não discuto a validade de nenhuma das obras, só estou a apontar a forma como (não) se planeam as coisas neste cantinho à beira mal plantado.)
Voltando ao assunto incial, está agora o caro troll a pensar “falas, falas mas soluções nada”. Ora pois está enganado. Eu tenho a solução, eu vi a luz. Chama-se… wait for it… portagem tradicional! Daquelas com pessoas a receber dinheiro e pagamentos com cartões. (É uma cena moderna. Toda a gente conhece em Nova Iorque!)
A implementação deste novo sistema em nada invalida a existência de pelo menos UMA passagem de portagem normal para quem não tem ou não quer comprar um identificador por um preço exorbitante. (Sim, porque o identificador é uma das componentes do modelo de negócio, ou acham que aquele burburinho todo da protecção dos dados pessoais e que não podia ser obrigatório e tal foi porquê? É que não sendo obrigatório, e dificultanto ao máximo outros métodos de pagamento, acaba por se obrigar as pessoas a comprar na mesma. Se fosse obrigatório não se podia cobrar este valor. Lá para estas maroscas têm os gajos visão…)
Pssst… Não sei se já repararam mas entretanto tiveram de contratar uma data de gente para explicar aos estrangeiros como é que a coisa funciona. Essas pessoas podia ser, sei lá… portageiros, digo eu.
É uma palhaçada estas SCUT’s!